O split payment – ou pagamento dividido – é uma das novidades mais transformadoras trazidas pela Reforma Tributária. Ele muda a lógica de recebimento das vendas e altera, de forma direta, o fluxo de caixa de quem vende produtos ou serviços. Em vez de entrar todo o valor na conta do fornecedor e, depois, ele recolher o tributo, parte do pagamento vai direto ao governo no ato da liquidação. Resultado? O fornecedor passa a receber líquido (valor da venda menos IBS/CBS).
Este guia reúne, de ponta a ponta, como o split payment funciona, os modelos previstos, impactos operacionais e financeiros, riscos de não se adaptar e um plano prático de adequação por área (Fiscal, Financeiro, Comercial, Tecnologia e Compras). Ao longo do texto, você também verá simulações numéricas, checklists, boas práticas e um FAQ SEO-ready.
Por que este artigo é diferente?
• Foco total no efeito caixa (onde a maioria das empresas sentirá o maior “tranco”).
• Tradução do juridiquês e contabilês para a operacionalização diária (NF-e, ERP, PSP, conciliações).
• Plano de ação para os próximos 90 dias, com prioridades, marcos e responsabilidades.
• Orientação consultiva da AEXO Contabilidade Digital, referência em planejamento tributário e implementação fiscal em sistemas.

1) O que é o split payment (pagamento dividido)
No modelo tradicional, a empresa vende por R$ 100, recebe R$ 100, usa esse valor no giro e só no mês seguinte recolhe os tributos. No split payment, a liquidação é “inteligente”: o sistema de pagamento “lê” a operação e divide o valor, remetendo IBS/CBS diretamente ao fisco e o restante ao fornecedor. Assim, o caixa do fornecedor já nasce líquido – e isso exige nova cultura financeira, comercial e tecnológica.
Por que isso surgiu?
Porque, no novo IVA Dual (IBS/CBS), o comprador quer direito a crédito. Só que, para o crédito valer, o imposto da etapa anterior precisa estar extinto (pago/compensado). Para não transformar cada comprador em “cobrador de guia”, a solução proposta é fazer o pagamento extinguir o débito tributário automaticamente, via split payment. Resultado prático: clientes B2B tenderão a exigir split para assegurar seus créditos.
2) Os três modelos de split payment que você precisa conhecer
A legislação e os desenhos operacionais preveem três arranjos principais (complementares):
2.1 Completo on-line
O sistema de pagamento cruza, em tempo real, a nota e o cadastro fiscal do fornecedor, verifica se há créditos (de compras anteriores) e retém apenas a diferença. Ex.: na venda de R$ 100 com 28% de IBS/CBS, seriam R$ 28 de tributo; se o fornecedor tem R$ 10 de crédito, o PSP retém R$ 18 e libera R$ 110 ao vendedor. É o cenário ideal, mas depende de 100% de disponibilidade das bases públicas.
2.2 Completo off-line
Se a base pública cair (indisponibilidade), o PSP retém o tributo cheio (R$ 28, no exemplo) e repasse posterior ajusta diferenças em até alguns dias úteis. Na prática, o fornecedor recebe líquido enquanto o sistema “reconcilia” depois. É o cenário mais provável na fase inicial.
2.3 Simplificado (retenção por média setorial/empresa)
O Comitê Gestor/Receita pode definir uma retenção padrão (ex.: 10% do valor da mercadoria/serviço) com base no perfil do setor ou histórico do contribuinte. O PSP aplica a taxa média no ato e, depois, faz o acerto (diferença para mais/menos). É uma forma de viabilizar o split mesmo sem todas as engrenagens on-line perfeitas.
3) Antes x depois: a nova matemática do caixa
Vamos ancorar nos percentuais frequentemente citados nos debates técnicos (exemplo meramente ilustrativo):
- Preço do bem/serviço: R$ 100
- IBS + CBS (por fora): 28% ⇒ R$ 28
- Total ao cliente: R$ 128
Antes (sem split)
• Empresa recebia R$ 128.
• Usava R$ 28 em giro e recolhia no mês seguinte (ou decidia atrasar).
Depois (com split)
• Cliente paga R$ 128; o PSP envia R$ 28 ao governo e R$ 100 ao fornecedor.
• Em cenário on-line com crédito de R$ 10, a empresa recebe R$ 110 e o fisco fica com R$ 18.
Consequências diretas
- Capital de giro encurta: acabou o “colchão” de imposto no caixa.
- Ciclo financeiro precisa ser recalibrado (estoque, prazos de compra/venda).
- Negociações comerciais vão mudar: compradores exigirão split para garantir crédito; fornecedores precisarão reprecificar e alinhar prazos.
4) Quem será mais impactado (e por quê) | Split Payment
- Empresas com margem apertada e alto capital amarrado em estoque (varejo, distribuição, indústria com lead time longo).
- Serviços com prazos longos de recebimento (construção, engenharia, projetos, licenças).
- Operações B2B (onde o crédito do comprador é determinante): a tendência é split se tornar o padrão de pagamento.
- Empresas com cultura de “usar tributo como caixa”: o split quebra esse hábito.
5) Efeitos no Comercial: precificação, contratos e meios de pagamento
5.1 Precificação por fora (e comunicação ao cliente)
No IVA, IBS/CBS são por fora. Prepare o time para comunicar preço + tributo e explicar a vantagem do crédito ao cliente B2B.
5.2 Cláusulas de split em contratos
Inclua cláusulas padronizadas: obrigatoriedade de split, responsabilidade por eventuais diferenças, prazos de ajuste e métricas de disponibilidade.
5.3 Política de meios de pagamento
Mapeie cenários para PIX, TED, boletos DDA, carteiras e eventuais marketplaces que atuem como “terceiros responsáveis” em certas cadeias, conforme atribuições legais.
6) Efeitos no Financeiro/Tesouraria: capital de giro, crédito e conciliações
6.1 Recalcular necessidade de capital de giro (NCG)
Simule pior caso (split completo off-line): retenção total do tributo na liquidação por X dias. Ajuste estoques, prazos com fornecedores e limites de crédito.
6.2 Linhas de funding e instrumentos de liquidez
Avalie antecipação de recebíveis, linhas rotativas, conta garantida e colaterais. Enquadre covena nts com bancos sob a nova realidade (menos caixa “bruto” entrando).
6.3 Conciliações diárias
Crie rotina de reconciliação split: relatório por PSP com NF-e, chave, valor total, valor retido, valor creditado e ajustes posteriores. Isso evita diferenças contábeis e ruídos no DRE.
7) Efeitos no Fiscal/Contábil: NF-e, crédito, livros e auditoria
7.1 Nota Fiscal e “amarração” com o pagamento
Sua NF-e precisará conter os campos de IBS/CBS e o vínculo com o pagamento (hash/chave). Sem isso, a automação do split não acontece.
7.2 Escriturar crédito e débito
Automatize o crédito financeiro (entrada) e o débito extinto (saída). Sem integração, diferenças se acumulam e viram auto de infração.
7.3 Trilha de auditoria
Guarde XMLs, comprovantes de liquidação, extratos do PSP e logs de ajuste. Essa trilha prova a extinção do débito e protege seus créditos.
8) Tecnologia/ERP/PSP: o que mudar (e quando)
- ERP: atualizar tabelas de impostos, campos de NF-e, módulo fiscal e conciliação bancária para refletir split.
- PSP (banco/meio de pagamento): validar API de split (on-line/off-line/simplificado), report diário, SLA de ajustes e suporte.
- ETL/BI: novos dashboards de receita bruta x receita líquida, retenções, créditos consumidos e tempo médio de repasse.
- Segurança: LGPD + trilha de logs (quem conciliou, quem reprocessou, motivo, horário).
Dica AEXO: crie um “ambiente de homologação” (sandbox) para simular vendas reais com split antes do go-live.
9) Compras e Supply: como o split payment do fornecedor mexe com você
Se você é comprador (B2B), o split garante seu crédito. Porém, ajuste:
- Prazos: split + prazos longos podem “apertar” o fornecedor.
- Negociações: troque prazo por desconto de preço (efeito caixa tem valor!).
- SLAs: defina formatos de cobrança em caso de indisponibilidade on-line (cenários off-line/simplificado).
10) Simulações práticas (passo a passo) | Split Payment
Caso A – Varejo B2B com crédito on-line
- NF: R$ 100 + IBS/CBS 28% = R$ 128
- Fornecedor tem R$ 10 de crédito; PSP retém R$ 18 ⇒ repassa R$ 110
- Efeito: melhora o caixa em relação ao off-line (retenção cheia).
Caso B – Off-line (base pública indisponível)
- NF idêntica. PSP retém R$ 28, repassa R$ 100. Ajusta em 3 dias úteis.
- Efeito: pior caso de caixa – planeje capital de giro.
Caso C – Simplificado (retenção média setorial 10%)
- PSP retém R$ 10, repassa R$ 118; acerta diferença depois.
- Efeito: suaviza o impacto, mas exige conciliações firmes.
11) Riscos de não se adaptar a Reforma Tributária
- Quebra de caixa (inadimplência com fornecedores/folha).
- Perda de clientes B2B (que exigirão split para preservar crédito).
- Diferenças fiscais por escriturar “bruto” sem refletir retenção efetiva.
- Autos de infração por falhas na prova de extinção de débito.
12) Plano de 90 dias: roteiro de adequação
Dias 0–15 – Diagnóstico rápido
- Mapear tipos de operação (B2B/B2C, produto/serviço).
- Simular impacto de caixa (on-line, off-line, simplificado).
- Priorizar clientes setoriais que mais exigirão split.
Dias 16–45 – Tecnologia e processos
4) Atualizar ERP/NF-e; contratar PSP habilitado.
5) Construir rotinas de conciliação diária e trilha de auditoria.
6) Treinar Comercial, Fiscal, Financeiro e TI.
Dias 46–90 – Piloto e rollout
7) Rodar piloto com clientes “âncora”.
8) Ajustar contratos e políticas de pagamento.
9) Publicar dashboards e SLAs internos; iniciar rollout.
Ponto de atenção: revise pricing, prazo médio de recebimento e estoques. Ajustes finos aqui evitam ruptura de caixa.
13) Boas práticas (checklist executivo)
- Preço por fora claro em propostas e notas.
- Cláusulas de split (obrigatoriedade, ajuste, indisponibilidade).
- PSP com APIs, relatórios e SLA de ajustes.
- ERP atualizado e conciliando retenções.
- Dashboards: líquido x bruto, retenções, prazo de ajuste, créditos usados.
- Reunião quinzenal (Fiscal/Financeiro/Comercial/TI) para acertos.
- Plano de funding (linhas de giro/antecipação/emergência).
- Treinamento contínuo e manual interno de split.
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14) FAQ (rich snippets) | Split Payment
O que é split payment?
É o pagamento dividido: no ato do pagamento, o sistema separa a parcela de IBS/CBS e a remete direto ao governo, repassando apenas o líquido ao fornecedor.
Quais são os modelos do split?
Completo on-line (retém a diferença, consumindo créditos), completo off-line (retém o tributo cheio e ajusta depois) e simplificado (retenção por média setorial/empresa).
Quem será mais afetado?
Operações B2B (clientes que querem crédito), setores com margem apertada e empresas que usavam tributo como capital de giro.
Como preparar o caixa?
Simule pior caso (retenção total), ajuste estoques/prazos, garanta linhas de crédito e conciliações diárias.
Split é opcional?
Na prática B2B, o comprador exigirá split para assegurar o crédito. Prepare-se para tratá-lo como padrão nas vendas corporativas.
15) Conclusão: transforme a mudança em vantagem competitiva
O split payment não é só uma regra fiscal: é uma nova arquitetura de recebimentos. Empresas que se anteciparem – tecnologia certa, contratos ajustados, caixa protegido e processos reconciliados – vão atravessar 2026 com menos fricção e mais competitividade.
A AEXO Contabilidade Digital acompanha a transição de ponta a ponta:
• Simulações de caixa (on-line, off-line, simplificado).
• Ajustes em ERP/NF-e e modelagem de conciliações.
• Revisão de contratos comerciais e políticas de meios de pagamento.
• Plano de funding para proteger o capital de giro.
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